CAÇADAS AOS JAVALIS’
De Dr. Framar - Francisco Maria Manso
Edição do autor
Guarda 1959
Livro com 96 páginas, ilustrado
Em 1959, através da Casa Véritas – Guarda, e da autoria do Dr. Francisco
Maria Manso, foi publicado
“CAÇADAS AOS JAVALIS – Pelo DR. FRAMAR”.
Trata-se
de uma obra de referência sobre a caça maior em Portugal. Neste livro
também encontramos, além de muitas fotografias, diversas
referências ao uso da buzina e da corneta nos diversos momentos das
caçadas, que o autor aqui designou por campanhas.
Texto da
convocatória para a Campanha Sétima, onde acabaram por comparecer duas
dezenas de espingardas, e a conclusão da narrativa da Campanha Oitava.
"Para conhecimento geral dos apaixonados destas guerras, se mandou
lavrar a presente circular, encerrando os dez mandamentos que constituem
o regulamento - lei das nossas caçadas:
Caçada aos javalis na Quinta do Major
1. É preciso considerar que os javalis não vivem em bandos… e para caçar
com fidalguia, se devem alvejar com bala única, para matar… ao estribo
com punhos de renda.
2. Não se vai caçar em coutada. A região é muito extensa, ondulada, com
matos de toda a ordem e, porque é extensa, acidentada e coberta de
matos, ali se têm acoutado javalis dos primitivos tempos e os actuais,
seus descendentes, consta que vivem orgulhosos do seu puro-sangue.
3. São precisos três dias de batidas e mesmo assim não se bate a décima
parte dos terrenos onde se acoitam, motivo porque vivem lá ainda, LOBOS,
LINCES e JAVALIS… e como eles são pouco curiosos e não vêem
observar-nos de perto… vemo-nos obrigados a procura-los, sem que nos
digam onde estão… o que é sempre uma trabalheira dos diabos… e às vezes
sem sorte nenhuma para dar com eles.
4. Donde se deduz, que se aparecerem e se alvejarem dois ou quatro
daqueles «CATEDRÁTICOS» é já andar com muita sorte e aqui fica a
prevenção para os que pensam fazer cintos de javalis, como se fazem de
codornizes…
5. O regime da caçada não tem similar na Europa. Quem tudo manda é o director. A ele todos devem pedir e ele a todos servir.
6. O caçador não tem direito a quarto, nem cama, nem roupa, nem talher,
nem mesa… Mas há-de ficar debaixo de telha, comer, deitar-se e dormir
provavelmente… Deve, pois, fazer-se acompanhar de talher, dois pratos de
alumínio ou esmaltados, guardanapo (se não achar supérfluo), um copo,
toalha e sabão, se quiser lavar-se, porque não é obrigatório… Trazer
cobertores, um ou dois, conforme o frio que quiser passar.
7. O custo da caçada, por «cabeça» com pagamento a 50 batedores, quatro
dias, aluguer de montadas «puro-sangue» de Malcata, com vitela abatida à
vista do hóspede, diária no «PALACE DAS SELVAS» e o mais que não se
imagina… deve dar uma conta aproximada entre 600$00 a 800$00.
8. O caçador que abater, a tiros de espingarda, a peça de caça
procurada, LOBO, LINCE ou JAVALI, tem direito à cabeça e à pele da
vítima… A carne e os ossos pertencem ao resto do exército, que tudo
dividirá em partes iguais.
9. Carregar a espingarda só depois de destinada a porta. Preferir bala de chumbo. As portas são sorteadas dia a dia.
10. O que faltar nesta legislação é resolvido livremente pelo director
da caçada e, da sua sentença, não cabe apelação para nenhum tribunal nem
mesmo para a O.N.U."
Dois últimos parágrafos da Campanha Oitava:
"Entrada triunfal na freguesia de Quadrazais e Vila do Sabugal com
visitas obrigatórias das crianças das escolas, de mistura com adultos,
ao belo exemplar abatido… Abraços de despedida e até para o ano.
Como recordação, conservo ainda a cabeça do javali, embalsamada, e a
pele cerdosa e escura, é o tapete que piso todos os dias, ao sentar-me à
minha secretária… e assim a caçada continua!"
Caça & Portugal - Uma obra em que o autor relata as inúmeras batidas
que em conjunto com os amigos caçadores foi fazendo pelas matas do
Sabugal
O
autor, exímio e dedicado caçador, relata as inúmeras batidas realizadas
aos javalis, linces e lobos nas matas da área do Sabugal nas décadas de
20 e 30 do século passado, na zona da actual Reserva Natural da Serra
da Malcata.
Médico de formação, com
consultório na Guarda, foi militar com a patente de tenente de cavalaria
e após a retirada da vida castrense, foi médico municipal e Presidente
da Câmara Municipal do Sabugal, além de Presidente do Grémio da
Lavoura.
SINOPSE:
“Todas as primaveras,
pela semana santa, no quarto crescente, o Dr. Francisco Maria Manso, de
Aldeia do Bispo, médico de profissão, com consultório no Sabugal, levava
uma centena de homens a caminho da Serra das Mesas para as famosas
caçadas aos javalis.
‘CAÇADA AOS JAVALIS’, do Dr. Framar
As
campanhas, realizadas nos anos 30 e 40 do século transacto, reuniam
gente ilustre e pessoas do povo, numa irmandade de circunstância. Uns
iam de espingarda aperrada, prontos a dar fogo sobre os porcos monteses,
outros seguiam de pau armado, para servirem de batedores, e meia dúzia
de populares iam contratados para a logística. Dezenas de cães e alguns
cavalos e burros carregados de mercadorias completavam a comitiva que
cedo se metia por cerros e vales. As caçadas eram uma autêntica campanha
militar, sujeita a duras regras, impostas pelo comandante e organizador
do evento. Mas também forneciam momentos de folguedo, com reuniões à
volta da fogueira, degustando suculentas refeições, bebendo cabonde e
contando anedotas e façanhas.
Mas
para o comandante Francisco Maria Manso, as caçadas eram sobretudo um
exercício de puro prazer e de exercitação, como se de um treino para uma
guerra se tratasse. No seu livro ‘CAÇADA AOS JAVALIS’, que escreveu sob
o pseudónimo Dr Framar, deixa apontamentos de grande valia para a
história das montarias em Portugal. Neles fica claro que as caçadas se
não resumiam ao gosto de andar em busca de javalis, linces e lobos.
Também havia os prazeres nos movimentos auxiliares, com as deslocações
da caravana, o consumo das refeições e as dormidas no cabanal anexo ao
lagar da Quinta do Major, no coração de medronheiros e urzes que povoam a
floresta da Marvana.
Um livro antigo e raro, apenas disponível em colecções particulares.”
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