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06/05/2025

TAL MÃE, TAIS FILHAS...

 

Autor. Pierre Louys

Título original. Trois Filles De Leur Mère.

Tradução de João Costa

Janeiro de 1987


“Mas em Tal Mãe, Tais Filhas… tudo acontece como se a vida fosse só teatro (e, sobretudo, vice-versa…), ideia esta bem reforçada pelo narrador ao escrever: «Conto
coisas tal como se passaram.» De facto, porque exercem a mais antiga profissão do mundo, a referida mãe e as suas filhas são, por natureza, atrizes de primeira água: então
elas não representam, várias vezes por dia, um prazer que estão longe de sentir?
Quaisquer dúvidas possíveis são, aliás, dissipadas logo no capítulo segundo, quando é feita a comparação entre as raparigas de teatro, que frequentam o Conservatório para
aprenderem a exprimir ideias pobres numa forma rebuscada, e as raparigas de bordel, cuja escola foi a da Vida, e que não possuem «nem o gosto nem a ciência do vocabulário
cénico», preferindo a espontaneidade salutar das palavras justas, que brotam da boca como a água das fontes.
Uma questão que o desenrolar do romance traz ao espírito do leitor é a de saber se a profissão de prostituta será, afinal, tão respeitável como outra qualquer (Jean-Paul
Sartre garantiu, numa célebre peça, que sim…). As personagens de Pierre Louÿs dão a mesma resposta e não ocultam o orgulho que sentem; a mãe chega mesmo a dizer: «Ensinei-as a amar a profissão.»
Esta mãe zelosa chama-se Teresa, tem trinta e seis anos e está muito longe de possuir um espírito romântico. A filha mais velha, Charlotte, apesar dos seus vinte anos, continua
submissa: «Eu faço tudo o que me dizem.» A do meio é Mauricette, catorze anos e meio muito vividos em forte concorrência com a mãe. Finalmente, a mais nova, Lili, apesar
dos seus dez anos e das inevitáveis limitações fisiológicas, constitui o orgulho da família, que nela vê a sua mais lídima representante