Autora. Florbela Espanca.
Edição integral. Livraria Tavares Martins.
Extratextos. 6 retratos de Florbela, 1 análise grafológica, 1 retrato de Florbela, por seu irmão, Apeles, 1 certidão de baptismo.
Editado nos primeiros dias do Outono na cidade do Porto no ano de Mil Novecentos e Setenta e Um.
13ª edição.
Escritos nas primeiras décadas do século XX, os sonetos de Florbela são a
expressão poética da paixão sensual e da confissão feminina.
Simultaneamente pujante e frágil, a poetisa revela, por vezes de forma
egocêntrica e narcisista, uma feminilidade intranquila e insatisfeita,
imersa na Dor e no Amor.
Influenciada por poetas como António Nobre ou Antero de Quental,
Florbela revelou-se pouco permeável aos grupos e movimentos literários
da época e construiu uma estética própria, pautada por um discurso
poético veemente, descomplexado e livre de constrições sociais.
Nasceu mulher num espaço e num tempo pequenos de mais para a conter. A
sua sede de Infinito levou-a a procurar a plenitude num amor sonhado
mais do que sentido, vivendo num paroxismo de se querer dar e de não ser
de ninguém: Quem me quiser Há-de ser Outro e Outro num momento! Força
viva, brutal, em movimento, Astro arrastando catadupas de astros!
A poesia de Florbela Espanca dá-nos toda a força de fogo nascido no
corpo amado da planície alentejana, que se espalha por Terra, Água e
Vento, poderosa e vibrante, sonhando sempre no mísero viver humano o
amor redentor de um Deus.