Autora. Maria O'Neill
1ª Edição. Lisboa - 1915
( ... ) Era assim que nas noites de inverno, quando o vento irado fazia rumorejar as àrvores do valle e soltar assobios estridulos e contínuos aos búzios do moinho, no outeiro sobranceiro ao palacio, elle, sentido-se alegre e feliz no conforto do lar, rodeiado dos seus, transbordava de infinita piedade por aquelles que, sem familia, no ultimo quartel da vida, ouviam desencadear a tempestade sós nos seus quartos, revolvendo na memoria o passado, sempre saudoso, mas que, para quem não tem ninguem, torna cabida a sentida phrase de Dante, tão real para tantos, e que Musset alcunha de blasphemia n'uns encantadores versos que todos conhecem " Dant, pourquoi dis -tu qu'il n'est pire misère Qu'un souvenir heureux dans le temps de douleur ? " ( ... ) * ( 1 )
* Breve extrato do capítulo « Velha Guarda » ao qual mantive a grafia original.
( 1 ) Tradução para português. " Dante. Por que dizes que não há sofrimento pior do que uma lembrança feliz em tempos de tristeza ? "