Autor. Stendhal
Ano desta edição -1997
Marie-Henri Beyle, mais conhecido pelo seu pseudónimo Stendhal, nasceu a 23 de Janeiro de 1783, em Grenoble. Órfão de mãe com apenas sete anos, o pretexto de se matricular na École Polytechnique leva-o até Paris. Após ter integrado o exército napoleónico, alista-se no regimento em Itália. Com a queda de Napoleão, instala-se em Milão mas, por suspeita de espionagem, acaba por regressar a Paris. Foi nomeado cônsul francês em Trieste (1830) e em Civitavecchia (1831). Notabilizou-se como crítico, ensaísta e romancista: Histoire de la peinture en Italie (1817), Naples et Florence (1817), Do Amor (1822), Vie de Rossini, (1824), Racine et Shakespeare (1823 e 1825), Armance (1827), Promenades dans Rome (1829). Dando primazia ao perfil psicológico e comportamental das personagens, o seu estilo declara-o como um dos primeiros praticantes do realismo. O Vermelho e o Negro (1830) e A Cartuxa de Parma (1839) consagram-no universalmente. Morre em 1842, em Paris, e obras autobiográficas, como Journal, Vie de Henri Brulard e Souvenirs d’égotisme, são já publicadas postumamente.
«Apesar das numerosas semelhanças entre "O Vermelho e o Negro" e "A Cartuxa de Parma", os dois romances são subtilmente diferentes na sua perspectiva erótica e na representação dos protagonistas de Stendhal. A nostalgia de glória napoleónica não abandona Julien quase até ao fim, mas extingue-se em Fabrizio depois da derrota de Waterloo. O autêntico amor não se apodera de Julien a não ser nos seus últimos dias e, ainda que não existam motivos para duvidar da sua sinceridade, tanto ele como Madame de Rênal sabem que não têm futuro, o que constitui um nada negligenciável motivo para intensificar a paixão.»