Autora. Luísa Costa Gomes
Data da presente edição. Abril de 2001
A presente obra obteve o Grande Prémio de Conto
Luísa Costa Gomes nasceu em Lisboa, em 1954. Licenciou-se em Filosofia, foi professora do Ensino Secundário e dirigiu a FICÇÕES (revista de contos).
Luísa Costa Gomes |
É autora de romances, contos, crónicas e peças de teatro. O seu primeiro romance, O Pequeno Mundo, ganhou o Prémio D. Diniz da Casa de Mateus e Olhos Verdes, o Prémio Máxima de Literatura. A obra Contos Outra Vez ganhou o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores. Publicou ainda, na Dom Quixote, os livros infantis A Galinha Que Cantava Ópera (2005), com ilustrações de Pierre Pratt, e Trava-Línguas (2006), com ilustrações de Jorge Nesbitt, A Pirata (2006), romance sobre a aventurosa vida da pirata Mary Read, e o livro Setembro e Outros Contos (2007). O seu romance Ilusão (ou o que quiserem) (2009) recebeu, em 2010, o Prémio Literário Fernando Namora/Estoril Sol, «pela inovação e ágil registo estilístico», como referiu em ata o júri, e o Prémio de Ficção do PEN Clube, ex-aequo com Dulce Maria Cardoso. Cláudio e Constantino (2014) venceu o Grande Prémio de Literatura dst e Florinhas de Soror Nada, a Vida de Uma Não-Santa (2018), o Prémio de Novela e Romance Urbano Tavares Rodrigues.
Referências a " Contos Outra Vez "
"Números mágicos: 21 contos, espalhados por 13 anos de vida e escrita
de Luísa Costa Gomes. (...) 21 histórias de gente que conquistamos
rapidamente para o nosso círculo de indispensáveis, e locais que
queremos absolutamente conhecer."
M.P.C., "Cosmopolitan"
"Luísa Costa Gomes é uma das vozes mais singulares da nova literatura
portuguesa. Sigamos a autora no seu projecto desolado e irónico. (...)
Prosa elegante e forte como a do Padre António Vieira, não? Convém ler,
já."
Torcato Sepúlvea, Semanário
"Mercê de um refinamento estético de elevada exigência moral (no
sentido steineriano do termo), Contos outra vez aprofunda as
contradições do carácter humano no final do século face à substituição
de simulacros que transforma o gesto em brecejo, o sorriso em esgar, a
liberdade em automatismo, em suma: a personagem no seu duplo, correndo o
risco de vê-la confrontada com insólitos instantâneos como o: da
existência real das personagens que chegam muitas vezes a cometer
violências sobre os seus criadores.
Vergílio Alberto Vieira, Diário de Notícias
Contos Outra Vez reúne, pela primeira vez, contos dispersos que foram sendo escritos e publicados entre 1984 e 1997. Integram-se ainda nesta antologia três contos inéditos: "Uma empresa espiritual", "Brandina ou O silêncio dos produtos" e "O Caso dos dois Juans".
" Procure o leitor imaginar um homem. Ele há-de ser todo ao alto, encovado, o rosto à proporção, ossudo e sombreado da barba. Como auxiliar, lembre-se da mística Toledo onde cresciam como espargos essa figuras que o Greco tornou populares e que passaram, de então para cá, a ser o símbolo mesmo da vida ascética. Se julgar injusto o requisito de tanto esforço, vá pelo Quixote, tire-lhe uns anos, desmonte-o do Rocinante, calce-lhe umas sandálias, o burel de um hábito, faça-lhe uma atitude um pouco menos tresloucada, traga-o ao presente onde ele vive estremunhado - e aí tem o Tomás Bernardino, pode muito bem ser que da Anunciação. A chamar-se assim, é capaz de trazer o olhar pisado de tanto meditar para dentro, aflito de si próprio e de como servir o mundo, mais que do funcionamento e modo proveitoso de se servir dele. E afinal, que importa ? Não é no frontispício das intenções que se joga a mão, é no final da história que se dão os votos. ( ... ) *
* Breve extrato de « Uma Empresa Espiritual »