Edição do autor. Ano de 1976
A uma tal contraluz, vai-se delineando o perfil de um homem que se tornou para os portugueses um misto de fascinação e de terror, após o 25 de Abril, e sobretudo durante o período em que um novo totalitarismo nos ameaçou.
Não cabe a mim mas ao leitor julgar, até porque à partida – e por conhecimento íntimo estou do lado do anjo e não do demónio (sabendo que não há anjos nem demónios).
Da autenticidade do Chico da CUF posso na verdade testemunhar, remetendo para o meu prefácio aos seus «Vinte e Seis Anos na União Soviética».
Vítima dos «aparatchik» soviéticos e dos seus apêndices portugueses, o Chico viveu por dentro o inferno «comunista», sempre a sonhar com o céu. Mas, afinal, ele acabou por pôr os pés na terrae antes de mais nesta terra portuguesa, de homens de carne e osso, que querem viver simplesmente do seu trabalho e em liberdade, sem mestres nem escravos, sem santos canonizados nem papas infalíveis, e muito menos reunidos na mesma pessoa. Numa palavra: sem anjos nem demónios.”*
* Breve extrato do « Prefácio » assinado por José Augusto Seabra