Autor. Júlio DinizAno em que foi publicada esta edição -1930 « Nova edição profusamente illustrada com um interessante prefácio de Albino Forjaz de Sampaio »
Júlio Dinis, pseudónimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho, nasceu em
1839 no Porto, onde cursou Medicina. Em 1862, diagnosticado com
tuberculose, suspende o exercício da profissão e retira-se, durante
vários anos, para Ovar e, mais tarde, para a Madeira. Descoberto o
encanto da vida rural, mas nunca esquecendo o afã da cidade e a sua
burguesia nascente, publica o seu primeiro romance em volume, As Pupilas do Senhor Reitor, em 1867, seguindo-se-lhe Uma Família Inglesa (ambos lançados previamente em folhetins, no Jornal do Porto) e A Morgadinha dos Canaviais, ambos em 1868. No ano seguinte conclui o seu quarto romance, Os Fidalgos da Casa Mourisca,
cujas provas tipográficas já não acabará de rever. Marcando a transição
entre romantismo e realismo, e influenciado pela leitura dos grandes
autores ingleses, como Jane Austen ou Charles Dickens, Júlio Dinis
cultiva na sua obra o tratamento cuidado de temas familiares e
quotidianos, numa estrutura de desenvolvimento lento, mas de resolução
engenhosa. Após uma longa batalha contra a doença, morre prematuramente,
aos 31 anos, na cidade que o viu nascer, em 1871.
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mulheres, ao longo dos tempos, foram atribuídos papéis, funções e
características que ainda hoje contribuem fortemente para definir e
identificar mentalidades e modos de vida, seguindo um padrão social
tradicional de distinção do feminino e do masculino. Neste trabalho de
investigação e reflexão, através do olhar e da escrita de Júlio Dinis,
procuramos identificar retratos
de mulheres portuguesas da segunda metade do século XIX, num contexto
rural e de elevado
índice de analfabetismo.
Em As Pupilas do Senhor Reitor, Júlio Dinis, um escritor politicamente e
culturalmente
comprometido com o seu tempo, isto é, com os ideais e os valores do
liberalismo e da burguesia em ascensão, apresenta-nos uma aldeia, em
plena Regeneração, com as suas contradições e expetativas. Numa
sociedade em mudança, Júlio Dinis reflete sobre o amor e papel da mulher
na sociedade e na família e defende a instrução e o trabalho como meios
primordiais para obter a ascensão social e económica, sem ruturas
sociais.
Para além de Margarida, a protagonista, e apesar da ausência da mulher
mãe, as mulheres
são figuras centrais no romance dinisiano. Mas, o velho senhor reitor,
clérigo liberal convicto, e o octogenário João Semana, o clínico que não
adere facilmente às novidades da medicina moderna, são personagens
ímpares e fundamentais à intriga e à vida daquela comunidade, pelos
valores
que defendem e pela sua ação junto dos pobres e dos órfãos.
Nesta aldeia, dia após dia, homens e mulheres vão desempenhando papéis
socialmente
importantes e necessários ao equilíbrio social e à defesa dos interesses
individuais e coletivos e alguns vão provocando a mudança que permite
sonhar com um futuro diferente. Assim, sendo possível obter informação
relevante para o estudo das sociedades através da literatura, em As
Pupilas do Senhor Reitor, pretendo conhecer a realidade de algumas
mulheres portuguesas da segunda metade do século XIX, numa sociedade em
mudança, em que cada história de vida e cada olhar representam apenas
uma parte de uma dada realidade social. | |
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