Autor. Aquilino Ribeiro
A presente edição foi publicada em Lisboa ano de 1958
O Malhadinhas data de 1922, e dele, que não por acaso tem nome de quem troça ou sova, retenho com maior vivacidade aquela alegoria exemplar do capítulo IX, o da viagem de burro, debaixo de neve, na companhia do Fr. Joaquim das Sete Dores. Entre sermões jamais esquecidos, o de uma conformidade com a existência que não os livraria da ameaça de uma alcateia. Contra os lobos não valeram preces como terá valido a sabedoria popular, mas mais que esta o que valeu às presas foram mesmo os asnos que acertaram no caminho debaixo de um nevão que tudo cegava. Elogio da natureza? Por certo. Já que a fé que salva não é a dos livros nem a das leis vendidas pela igreja, mas a do instinto puro, animal.
Inicialmente incluído em «Estrada de Santiago» (1922), «O Malhadinhas» acabaria por se tornar numa das mais conhecidas obras de Aquilino Ribeiro. Em forma de monólogo, a obra conta-nos a história de um almocreve, o Malhadinhas, um serrano rústico, grosseiro e matreiro, que não tem quaisquer problemas em usar a «faquinha» que traz à cintura para corrigir o que entende por injusto. (…) Malhadinhas presenteia-nos com uma série de episódios picarescos, num tom coloquial repleto de expressões idiomáticas, trazendo-nos o retrato de um Portugal esquecido.
Mina de Diamantes, por seu turno, narra a visita de um emigrante singularmente lúbrico que do Brasil vai à terrinha no interior do Portugal beato, esportulando e rabaçando (como diria Aquilino), que a geografia muda mas os Homens nem por isso..
INDISPONÍVEL