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21/04/2024

ARTUR VARATOJO

 

Morreu o Inspector Varatojo, que nunca quis fazer disso uma profissão



Homem de muitos ofícios e actividades, deixa o nome ligado à divulgação do policial em Portugal
Artur Francisco Varatojo, mais conhecido como Inspector Varatojo, faleceu no sábado no hospital de Santa Cruz, em Carnaxide (concelho de Oeiras).

 Tinha 80 anos, feitos em Agosto passado.

 O funeral realizou-se ontem à tarde para o Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.A sua faceta mais conhecida, popularizada pela rádio, televisão e imprensa - só para o jornal A Capital escreveu ao longo de 17 anos uma rubrica intitulada O Crime Visto Por -, foi a de criminologista e divulgador do policial.

 "Durante muito tempo pensei mesmo que ele era inspector, tal a forma como dominava os assuntos" respeitantes à criminologia e à técnica policial, disse ontem à Lusa o médico Gentil Martins.
Nascido a 21 de Agosto de 1926, em Lisboa, Varatojo foi um homem de muitas actividades e ocupações ao longo da vida, umas mais conhecidas do que outras. Formou-se em Ciências Económicas e Financeiras e, mais tarde, em direito, obtendo o curso superior de Medicina Legal. 

Mas foi sucessivamente aferidor de contadores da antiga Companhia das Águas (actual EPAL), funcionário da Câmara Municipal de Lisboa, comerciante, produtor de rádio e de televisão, economista e publicitário.


É autor de mais de duas dezenas de livros de divulgação policial, com destaque para ABC do Crime (seis volumes). Registou também uma presença regular e duradoura na televisão, tendo apresentado na RTP os programas ABC do Crime (sete anos) e Selecção Policial (oito anos). Realizou ainda algumas incursões, porventura menos conhecidas, pelo campo da banda desenhada, sendo nomeadamente argumentista de A Ala dos Namorados (desenho de José Manuel Soares), publicada na revista Cavaleiro Andante, em 1956.


"Há duas facetas de Artur Varatojo que são importantes. Fica-se a dever-lhe a divulgação do policial, sobretudo através do programa de rádio o Quinto Programa. Por outro lado, e graças às antologias que coordenou, foi o responsável pela chamada de atenção para as problemáticas de investigação criminal (balística, impressões digitais, etc.)", afirma Luís Pessoa, coordenador da secção Policiário do PÚBLICO.

Fã de Jack, "O Estripador"
Apesar da sua ligação ao mundo policial, raramente participava nas tertúlias policiárias, recorda Luís Pessoa, que evoca a paixão de Artur Varatojo por Jack, "O Estripador", sobre o qual fez investigações e a quem consagrou um livro.


Detective é profissão que nunca teve nem quis ter. "Gostaria, sim, de investigar casos, mas polícia nunca, porque a partir do momento em que descubro o criminoso passo a ter pena dele", confessou em 1990 ao Diário de Lisboa.


Também nunca escreveu qualquer romance policial, pelas razões que explicou na mesma ocasião: "Tenho muita dificuldade em fazer isso porque li muito e livros muito bons. Para escrever um romance teria que achar que ele era melhor do que os que eu li."


Nota. Sob estas linhas estão oito livros, ou seja, uma colecção completa de obras, coordenadas por Artur Varatojo, nas quais se demonstra uma realidade portuguesa, em que, o crime, é « figura central »