Autor. Collin de Plancy
Tradução: Ana Hatherly
Editora: Cavalo de Ferro
Edição. Edição portuguesa
DICTIONNAIRE INFERNAL, ou BIBLIOTHÈQUE UNIVERSELLE, Sur les Etres, les Personnages, les Livres, les Faits et les Choses QUI
TIENNENT AUX APPARITIONS, A LA MAGIE, AU COMMERCE DE L'ENFER, AUX
DIVINATIONS, AUX SCIENCES SECRÈTES, AUX GRIMOIRES, AUX PRODIGES, AUX
ERREURS ET AUX PRÉJUGÉS, AUX TRADITIONS ET AUX CONTES POPULAIRES, AUX
SUPERSTITIONS DIVERSES, ET GÉNÉRALEMENT A TOUTES LES CROYANCES
MERVEILLEUSES, SURPRENANTES, MYSTÉRIEUSES ET SURNATURELLES ; PAR M. COLLIN DE PLANCY Deuxième édition, entièrement refondue, PLANCHES :ASTROLOGIE
; CHIROMANCIE ; CRANOLOGIE ; TOMBEAU DE DAGOBERT ; MÉTOPOSCOPIE ;
PHYSIONOMIES HUMAINES ET ANIMALE COMPARÉES ; RÉCEPTION D'UNE SORCIÈRE ;
DÉPART POUR LE SABBAT ET ARRIVÉE AU SABBAT, D'APRÈS TÉNIERS ; TALISMANS,
PANTACLES, CERCLE MAGIQUE ; FRONTISPICE ; FAC SIMILÉ DU PACTE D'URBAIN
GRANDIER ; FAC SIMILÉ DE L'ÉCRITURE DU DIABLE, AVEC LA SIGNATURE DES
SEPT DÉMONS. PARIS. A LA LIBRAIRIE UNIVERSELLE DE P. MONGIE AÎNÉ,BOULEVART DES ITALIENS, N°. 10. 1826
Collin de Plancy | |
O livro "Dicionário Infernal", de Collin de Plancy, foi pela primeira vez
editado entre nós em 1969 [...], já na altura com tradução e introdução
de Ana Hatherly, que em inteligente prefácio à presente edição recorda
tudo isto, contrapondo a situação que se vivia então em Portugal com a
de hoje. Passando pelo próprio estado de espírito, pelas mentalidades e
pela coragem, pois aceitar fazer a abordagem de um trabalho como este
durante o fascismo podia ser visto como um verdadeiro acto de
sacrilégio. De pura provocação. E no entanto é uma obra belíssima e divertida, que aos olhos de agora corre o risco de parecer até ingénua. Com uma certa inocência assustada, e por isso mesmo fascinada frente ao mal e aos seus elementos mais fantasmagóricos. Milhares de monstros, demónios, espíritos e diabretes, génios, duendes, feiticeiras... Com os quais, ou a partir dos quais, Plancy foi construindo pequeníssimas e inventivas histórias. Tentando sublinhar, analisar, denunciar a superstição. Superstição de que, apesar de toda a tecnologia e dos grandes avanços científicos dos nossos dias, não nos conseguimos livrar por completo. Como diz Ana Hatherly, fenómeno que faz "parte integrante da história das ideias, da história das mentalidades, em suma, de uma antropologia cultural." Tema esse muito querido para Collin de Plancy, que acerca do assunto não se limitou a escrever apenas este livro, deixando uma obra vastíssima na sua abordagem. Constando até ter inundado o mercado a partir de 1818 com um número infindável de títulos sobre o tratamento do insólito, do demoníaco, do negrume das trevas. Assinando-os com diversos pseudónimos. Entre os volumes vindos a lume anteriormente, "Dicionário Infernal " surge como sendo um dos seus trabalhos mais notáveis, a vários níveis. Quer pelo espírito voltairiano que nele se encontra subjacente, cepticismo que lhe vem da defesa das luzes, quer pelo próprio registo literário, na época conhecido por "frenético", e que nesta altura integraríamos numa corrente ligada à escrita do fantástico. Passando alguns dos seus pequenos textos bem perto do imaginário de um García Márquez, de um Borges, ou de uma Isabel Allende do tempo de "A Casa dos Espíritos". Neles, Plancy ainda não acreditava na figura maléfica do Diabo, como acabaria (eu diria, inevitavelmente) por vir a acontecer mais tarde. Usando-a aqui enquanto modo de mostrar até onde pode levar a ignorância. Desmascarando quem lhe cria a imagem atemorizante e a quem isso serve. [...] Collin de Plancy possuía um imaginário delirante e riquíssimo, claramente patente em "Dicionário Infernal", por onde perpassam inúmeras e tresloucadas figuras, numa espantosa galeria, inesquecível para quem lê ainda hoje este trabalho de grandes minúcias sobre o nefasto, o fanatismo e o medo. | |
Poeta,
romancista, artista plástica, ensaísta e tradutora, iniciou a sua
carreira literária em 1958. Referenciada a nível poético como um dos nomes mais importantes das vanguardas portuguesas da segunda metade do século XX, o seu trabalho está representado nas mais importantes Antologias e Histórias da Literatura Contemporânea de mais de dez países. Entre os muitos prémios de consagração recebidos, destacamos a atribuição em 2003 do prémio internacional Evelyne Encelot. O seu interesse pelas culturas orientais remonta aos primeiros anos da década de 60 quando começou a estudar caligrafia chinesa e a traduzir poesia japonesa. http://www.cavalodeferro.com/index.php?action=review&reviews_id=18 |
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